29 de setembro de 2009

DA OPORTUNIDADE OU UTILIDADE DAS ELEIÇÕES

De acordo com a documentação disponível, e com os comentários, já tornados públicos por alguns dos intervenientes mais activos do período pré-leitoral da FPR, a situação pode resumir-se em poucas palavras: Em conseqüência da aprovação dos novos Estatutos e Regulamento Eleitoral, terão de ser realizadas eleições até ao final da presente época desportiva.  
Duas correntes se defrontam, contudo, sobre a data em que essas eleições devem ter lugar. Dum lado, a actual Direção da FPR, que defende a realização das eleições apenas no final da época, argumentando que foi eleita para um mandato que ainda não terminou, e que o rugby português se encontra na véspera da realização de importantes jogos internacionais, que podem levar as nossas cores, pela segunda vez consecutiva, a uma fase final do Campeonato do Mundo. E que esse desiderato constitui um dos principais objectivos pelos quais se guiou esta Direção, não sendo, portanto, justificável, a sua substituição, antes da realização daqueles jogos. E que a realização de eleições, com eventuais alterações que se possam introduzir nos trabalhos da equipa nacional, nesta altura, pode prejudicar os trabalhos da seleção e os resultados, que se espera, venham a conseguir.  
Por outro lado, estão aqueles que pretendem a substituição imediata desta Direção, argumentando que ela foi eleita ao abrigo de uns Estatutos significativamente diferentes, que não davam ao Presidente da Federação o conjunto de poderes que agora lhe são inerentes. Por outro lado, este segundo grupo, entende que a actuação da Direção não tem sido benéfica para o rugby português, nomeadamente na questão do Centro de Alto Rendimento, e na gestão dos pagamentos aos jogadores que nele se integram, com favorecimento claro de uns clubes, em desfavor de outros. Dizem ainda, que não são válidos os argumentos da actual Direção quanto a eventual prejuízo aos resultados que se esperam alcançar nos jogos que terão lugar em Fevereiro e Março, já que não pretende esse grupo, provocar qualquer alteração ou instabilidade quanto aos trabalhos da seleção.
Na minha opinião, qualquer dos pontos de vista é válido, e ambos se enquadram no que está disposto nos novos Estatutos e Regulamentos. Acresce a estes factos, que os Corpos Sociais a eleger esta época, terão um prazo de vida reduzido, condicionado aos próprios Estatutos, devendo cessar funções até final do ano 2011, para acertar o seu mandato, ao ciclo do campeonato do Mundo. Por outro lado, as competições oficiais vão começar dentro de dias, pelo que não será possível proceder a alterações às mesmas no decurso da presente época. E não tenho conhecimento de qualquer manifestação de descontentamento quanto ao modo como está organizado o esquema competitivo do escalão sênior principal, que justifique a preparação, discussão e aprovação de alterações ao mesmo, até 31 de Janeiro de 2010, para entrar em vigor no início da época 2010-2011. Desta forma, a acção dos novos Corpos Sociais a eleger, reduz-se à gestão corrente da FPR, até à eleição que terá lugar em final de 2011, pelo que fica difícil de entender o porquê de tanto apetite pelo poder, que agora se disponibiliza.
Pelo meu lado, compreendendo e aceitando os argumentos de cada um dos lados em confronto, fico com a idéia clara que promover eleições, neste momento, antes do final da corrente época, é absolutamente inútil. Não vai promover nenhuma alteração sensível da gestão da FPR, e apenas servirá para manter agitado um ambiente que é necessário tornar pacífico e harmonioso. Talvez seja altura das partes se acalmarem, e elaborarem os seus Planos Estratégicos, com uma validade até ao final do próximo ciclo do mundial, ou seja, final de 2015, à luz dos últimos acontecimentos marcantes para a modalidade, como será uma eventual admissão do rugby no Programa Olímpico. Esses Planos concorrentes seriam postos à avaliação e discussão pública, e então sim, no final da época, eventualmente em Junho, se disputariam as eleições, com todo o mundo conhecendo o que cada um se propõe fazer.
Essa seria uma prova de que os futuros candidatos se preparam para servir os praticantes, e, por isso merecem o seu respeito e confiança.

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